Um cara bem famoso, chamado Malcolm Gladwell, mostrou que são necessárias no mínimo 10 mil horas para se tornar um especialista. Isso representa cerca de cinco anos, em média, na vida de um adulto que precisa se ocupar trabalhando e dormindo. Imagine, contudo, quantos dias isso representa na vida de uma criança ou de uma adolescente que pode virar a noite se especializando?!

Dito isso, seria burrice não comentar que eu tenho o dobro de experiência com escrita do que a maioria das pessoas de 30 anos — e que, certamente, nos parâmetros de Gladwell, sou uma especialista quando o assunto é palavra. Não lembro quando comecei a escrever, mas lembro que antes disso, quando eu ainda não tinha aprendido a registrar palavras, eu criava histórias e diálogos na minha mente. Então, quando finalmente aprendi, eu já devia estar com um estoque bem gordo de ideias. 

Não à toa, a maior parte das minhas memórias vem sempre acompanhada de livros, canetas, lápis, cadernos, rabiscos e uma porção de papeizinhos soltos, desde recados a poemas, passando pelas sofridas (e importantíssimas) primeiras redações formais. 

Então a palavra escrita é minha base, mas durante todo percurso, descobri como transportar meu tato com as palavras para construir outras estruturas que conectam novas ideias para transformá-las em algo.